segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Usar ecobag ajuda mais do que assinar manifesto

Há 11 anos ele abandonou o uso do carro próprio. Desde de 1993, faz a separação do lixo em casa. Na sua cozinha, não entra quase nada de comida pronta. Para adoçar pratos e bebidas, só açúcar orgânico. Quando procura o outro extremo do paladar, vai de sal marinho.

O que para muitos poderia ser sacrifício, para Maurício Waldman, um dos mais antigos ambientalistas do Estado, é só hábito, que não tem nada de radical, não soa ecochato e nem de salvador do planeta.

"Toda vez que usamos sacola retornável e separamos o lixo para o catador levar, contribuímos bem mais do que assinar manifesto em favor do panda", simplificou.

"O Brasil é 3,06% da população mundial e 3,5% do PIB global. Mas somos, de acordo com estudos, origem de 5,5% ou 6,9% do total mundial do lixo urbano. Não adianta culpar os países ricos, o problema também é nosso! Só reduzir, reutilizar e reciclar não serve. É preciso repensar o modelo de consumo", afirmou.

Envolvido com os temas ambientais desde a década de 1970, Waldman enxerga evolução no comportamento da sociedade.

Contudo, ao mesmo tempo em que mudança aponta uma saída, mostra também como é longo o caminho.

"A conscientização cresceu. Muitos setores do empresariado avançaram. Nos anos 1990 se fabricavam 64 latinhas com 1 quilo de alumínio. Hoje, se fabricam 74, um avanço indiscutível."

Longe dos holofotes que iluminam os que vêm a público angariar prestígio divulgando suas ações ambientais, o exército de homens e mulheres que trabalha coletando, separando e transportando o lixo, pode ser marginalizado para muitos, mas é vital para a sobrevivência das cidades, segundo Waldman.

"É obrigatório lembrar dos catadores. As pessoas que dizem que a gestão do lixo está um caos não fazem idéia de como as coisas estariam sem o trabalho deles."

Para o especialista, como no título de sua publicação, entender o cenário e o desafio que o lixo apresenta para a qualidade de vida de todos é uma tarefa para Poder Público, indústria e sociedade.

"Os segmentos da economia que mais crescem relacionam-se com a preservação ambiental: energia solar, agricultura orgânica e a reciclagem. Apenas atrasados insistem na sacolinha e nos descartáveis. Não existe vida sem mudança."


Professor realizou trabalhos no Grande ABC

O Grande ABC também é parte da longa da trajetória do professor e pesquisador Maurício Waldman, 44 anos, reconhecido como um dos especialistas mais respeitados quando o assunto é gestão de resíduos sólidos.

Nos dois primeiros anos da década de 1990, Waldman foi coordenador de Meio Ambiente em São Bernardo. Em Ribeirão Pires, trabalhou em cursos de capacitação sobre lixo, água e afro-educação.

Em 2006, voltou à região, mas dessa vez defendendo tese sobre a gestão dos recursos hídricos, enfocando também os mananciais do Grande ABC, com destaque para a Represa Billings.

Waldman é graduado em sociologia, mestre em antropologia e doutor em geografia, todos pela USP (Universidade de São Paulo).

Sua atuação profissional está concentrada em três esferas: no ativismo ecológico, na administração pública e no meio acadêmico.

Entre atividades realizadas no Brasil e no exterior, Waldman também se destaca pela publicação de livros e consultoria em relações internacionais, religião, topologia, antropologia, cidadania e racismo.

Atualmente, Waldman, que foi assessor do histórico ambientalista Chico Mendes, defensor das causas da floresta Amazônica, é pós-doutorando na área dos resíduos sólidos junto ao Instituto de Geociências da Unicamp, onde também é professor da disciplina Geografia da África Negra.

POLÍTICA NACIONAL
O tema abordado no seu mais recente livro, Lixo: Cenários e Desafio, deverá receber mais atenção dos governos a partir da nova Política Nacional dos Resíduos Sólidos - sancionada pela presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no começo de agosto.

Entre outras regras, a norma prevê a extinção dos lixões e o aumento dos índices de reciclagem. (André Vieira)


Trechos

"Decorrência da manifesta vocação das sociedades humanas para transformar o meio natural, o lixo é indissociável das atividades desenvolvidas pelo homem, tanto no tempo quanto no espaço. Assim sendo, sem que nesta afirmação exista qualquer exagero, já nos primórdios da humanidade o lixo constítuia um foco obrigatório de atenções."
Página 11

"Exibindo nos dias atuais uma performance que a mais audaciosa das profecias jamais ousou vaticinar, pela primeira vez na história o homem se sente ameaçado, no âmago de sua alma, pelo lixo. (...) Tomada de incerteza quanto à sua capacidade de solucionar um problema engendrado, no final das contas, por ela mesma, a sociedade contemporânea tornou-se presa da sensação de impotência em dar conta da questão."
Página 45

"(...) O plástico parece ter invadido todas as redes sociais e econômicas. Até as feiras de rua, bastião de formas tradicionais de aquisição de alimentos, também capitularam diante do material. Atualmente, os fregueses levam junto com suas compras tanto plástico-filme quanto se estivessem retornando de um moderno supermercado. A insidiosa invasão do plástico em todos os espaços planetários tornou-se um descalabro mundial. Objetos feitos com esse material estão boiando em praticamente todas as águas marinhas do globo terrestre."
Página 58

"Em síntese, os almejados ‘R'' de Repensar, Reduzir e Reutilizar, apenas poderão se impor - ombro a ombro com práticas ecológicas efetivas abraçadas pelo conjunto da população - mediante um corpo de leis que imponha ações restritivas, coercitivas e/ou punitivas para o setor produtivo e uma atuação do Estado na qual ele demonstre agilidade e efetivo interesse público em fazer com que sejam cumpridas."
Página 214

3 comentários:

Anônimo disse...

nome: Tiago César n:38 3°E

"Usar ecobag ajuda mais do que assinar manifesto". Título utilizado neste artigo de imprensa para expressar à realidade brasileira em relação à condição ecológica.
O ambientalista Maurício Waldman destaca que hábitos simples como a separação do lixo, ou a utilização de sacolas retornáveis nada mais é do que um pesadelo para a grande maioria da sociedade. "Toda vez que usamos sacola retornável e separamos o lixo para o catador levar, contribuímos bem mais do que assinar manifesto em favor do panda".
Waldman também faz críticas do uso excessivo e indevido de sacolinhas plásticas. Anualmente o Brasil usa em média 12 bilhões de sacolas plásticas, que se tornam “tapa bueiros”, causando acidentes e fazendo vítimas.
Apesar disso nos últimos tempos houve maior participação do setor empresarial e mais investimentos na área de preservação ambiental, no entanto ainda há um grande caminho a ser percorrido. “Só reduzir, reutilizar e reciclar não serve. É preciso repensar o modelo de consumo".

Erika Galvão nº06 3ºB disse...

Usar ecobag ajuda mais do que assinar manifesto é um artigo, que descreve atitudes de Maurício Waldman, graduado em sociologia, mestre em antropologia e doutor em geografia, todos pela USP (Universidade de São Paulo). Esse artigo nos mostra o quanto e importante usar os “R”, repensar, reduzir e reutilizar no nosso dia a dia.
O Brasil não é um país que polui tanto como os países ricos mais devemos tomar providencias o mais rápido possível, o problema também e nosso. Não adianta apenas usar os “R’s”, precisamos repensar sobre o que consumimos.
As empresas tentam não agredir tanto assim o planeta, gastam menos material, utilizam materiais que podem ser reaproveitados, como um exemplo essa empresa citada no artigo que fabricava 64 latinhas com 1 quilo de alumínio hoje fabrica 74. Varias pessoas discriminam os catadores de lixo, mais essas pessoas não percebem que sem a ajuda deles o nosso planeta estaria bem pior, eles são essenciais, sendo assim em minha opinião os catadores de lixo deveriam ganhar muito bem pelo seu serviço, porque eles de maneira direta ou indireta ajuda a todos nós.
Atualmente os segmentos da economia que mais crescem são as realizadas com preservação ambiental: energia solar, agricultura orgânica e a reciclagem.
Maurício Waldman em seu ultimo livro “Lixo: Cenários e Desafio” deve receber mais atenção dos governos a partir da nova Política Nacional dos Resíduos Sólidos. Um dos trechos citados no artigo que mais me chamou atenção foi o da pagina 58, "(...) O plástico parece ter invadido todas as redes sociais e econômicas. Até as feiras de rua, bastião de formas tradicionais de aquisição de alimentos, também capitularam diante do material. Atualmente, os fregueses levam junto com suas compras tanto plástico-filme quanto se estivessem retornando de um moderno supermercado. A insidiosa invasão do plástico em todos os espaços planetários tornou-se um descalabro mundial. Objetos feitos com esse material estão boiando em praticamente todas as águas marinhas do globo terrestre." Tem pessoas que pensam que sair de um supermercado com as mãos cheias de sacolinhas plásticas e chique, mostra que essa pessoa tem poder aquisitivo não tem nada haver uma coisa com a outra, devemos excluir essas sacolas plásticas do nosso cotidiano o mais rápido possível.
Não existe vida sem mudança.


Erika Galvão nº06 3º B

Anônimo disse...

Nome: Thiago Amâncio nº 36 / 3ºE

O texto "Usar ecobag ajuda mais do que assinar manifesto" é um artigo de jornal, publicado por André Vieira no Diário do Grande ABC em 15 de agosto de 2010. O objetivo do mesmo é conscientizar toda população de como se pode e deve ajudar o meio ambiente.
O autor cita Mauricio Waldman, de 44 anos, professor e pesquisador, graduado em sociologia, mestre em antropologia e doutor em geografia; que usa da sua experiência para dar algumas dicas de como devemos agir em prol do meio ambiente. Não podemos culpar as superpotências pelo lixo urbano pois temos uma grande parcela de culpa, se olharmos que a porcentagem da população brasileira é de 3,06% do total mundial e que 6,9% do total de lixo do mundo é proveniente do nosso país. Outro fator importante, que nem sempre tem a atenção merecida, são os catadores que acabam sendo julgados marginais. Deve-se refletir e ver que sem o trabalho dos mesmos, a situação estaria muito pior do que já se encontra hoje.
Para Waldman, o desafio de se ter qualidade de vida com tanto prejuízo que o lixo traz, é de interesse da sociedade, das indústrias e do Estado. Portanto é uma tarefa mútua, que não terá resultado se não partir de todos, cada um da maneira que lhe é devida.
Em suma, Waldman mostra através de sua teoria que, apesar de haver um pequeno progresso nesse aspecto da conscientização, não serve apenas os três "R's": repensar, reduzir e reciclar, mas que tem de rever os modos e os costumes gerais do nosso dia-a-dia para assim se alcançar o interesse de todos ou de muitos, que é cumprir o papel com o meio ambiente.