terça-feira, 3 de agosto de 2010

Alunos desenvolvem trabalhos sobre sociedade baseados em Durkheim

Sociólogo do fim do século XIX, o francês Émile Durkheim ainda hoje influencia o modo de ver os fatos sociais. É neste sentido que acadêmicos do primeiro ano do curso de Direito da Unioeste de Francisco Beltrão elaboraram trabalhos baseados no pensamento durkheiminiano, mas contextualizados para problemas do presente, e agora estão os expondo em forma de ‘parangolé’, uma técnica que consiste em vestir bonecos com roupas ou fantasias.

A elaboração e apresentação dos trabalhos fazem parte de uma nova metodologia da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica, ministrada pelo professor Adílson Francelino Alves. “A gente estuda um autor em sala e pensa a sociedade de um modo diferente, de forma mais prática, abordando problemas que hoje são cotidianos em nosso meio”, explica o educador. “Vamos mostrar que a teoria ainda está viva, vamos nos acostumar a olhar a sociedade com a estranheza que ela merece”, completa Adilson.

Primeiramente os alunos estudaram a teoria de Durkheim, depois escolheram um tema social para abordar e, posteriormente, divididos em grupos, elaboraram os trabalhos escritos e confeccionaram os ‘parangolés’, técnica surgida com o artista plástico brasileiro Hélio Oiticica. “Durkheim era funcionalista, via a sociedade como organizada e ordenada, já Hélio era meio anarquista. Nisso fica o contraponto interessante entre a ordem e a contestação da ordem, juntadas em um único trabalho”, diz.

Eentre os 12 trabalhos, alguns abordam temas como alcoolismo, suicídio, uso de remédios, preconceito, liberdade, pedofilia e até comportamento, personificado na figura de Geysi Arruda.

ALUNOS FALAM SOBRE TRABALHOS
Beatriz Diana e Sâmara desenvolveram, com outros colegas, trabalho referente ao suicídio. Um boneco dentro de uma caixa e com luvas cirúrgicas cheias d’ água é a representação social do ato. “O que a gente fez mostra que o suicídio, por exemplo, é consequência de uma pressão gerada pela sociedade sobre um indivíduo, que isso nem sempre é devido a um transtorno mental, mas por causa da ação da sociedade”, afirma Beatriz.

Entre os outros trabalhos, um dos que mais chama a atenção é com relação ao preconceito, onde há um boneco vestido com uma camisa preta e um chapéu da organização racista Ku Klux Klan. “A camisa mostra que a cor negra é somente uma pele, incitando que devemos vestir esta pele e nos colocar no lugar de um negro, que sendo ou não negro, não deixa de ser o que é por dentro; já o chapéu da KKK é para provocar afrodescendentes, que a partir do momento que se colocam como diferentes também acabam sendo preconceituosos”, explica Nilson Ruthes, um dos autores do trabalho.

A exposição, colocada à entrada da universidade, também conta com trabalhos como o da acadêmica Kamila Salvi, que abordou a utilização de remédios, drogas, criminalidade, e suicídio, colocando o indivíduo como alguém que até pode vislumbrar outro tipo de sociedade ideal, mas que sofre influências para que não saia desta.

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