segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Preconceito e o Mito da Democracia Racial no Brasil





                Contrariando o senso comum, que nos ensinou ao longo dos anos que a sociedade brasileira é o resultado da mistura das raças aqui reunidas e nos ajudou a construir a auto-imagem do Brasil como país homogêneo e indiferenciado, as políticas de ação afirmativa têm suscitado uma grande discussão. A que tem causado a maior polêmica, sem dúvida, é a política de cotas. Isto é, a polêmica só aparece quando as cotas são destinadas aos afro-descendentes e indígenas. Porque as cotas já vêm sendo adotadas em vários segmentos da sociedade.
                Temos cotas para deficientes, idosos (no transporte rodoviário) e mulheres. Aparentemente o problema não reside na política de cotas em si mesma e sim para quem as cotas estão sendo destinadas. Para DOMINGUES, “a discussão das cotas já tem o mérito de revelar a cara e a voz do nosso racismo.” A inclusão da questão das desigualdades étnico-sociais históricas da sociedade brasileira na agenda pública nacional (e também na internacional) ganhou substância em 2001 quando dos preparativos para Conferência Mundial Contra o Racismo (CMR) na África do Sul, onde o debate público se intensificou. A exclusão do afro-brasileiro já não é mais um mito, as estatísticas não permitem disfarçar que a diferenciação existe. Portanto a democracia racial brasileira tão propalada, através de muita luta do movimento negro, está sendo posta em cheque e o reconhecimento do caráter pluriétnico da sociedade pelo governo. Essa é a essência da questão, a desmistificação da democracia racial brasileira, esta não existe nem nunca existiu e o governo no âmbito dos seus três poderes tem promovido esse reconhecimento através de ações de discriminação positiva.
(Adaptado de O fim do mito da democracia racial brasileira: Sociedade miscigenada x sociedade pluriracial)

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