segunda-feira, 29 de outubro de 2012

OS MOVIMENTOS SOCIAIS

“Os movimentos sociais, na pratica, são a representação da sociedade como organização, que os utiliza como instrumentos de ação num contexto histórico especifico. O conflito de classe e os acordos políticos são, conseqüentemente, canais dos movimentos para atingir seus fins.”
“O movimento deixa de ser apenas a expressão de uma contradição socioeconômica, e acaba sendo responsável pela detonação e pelo desenvolvimento dos embates de grandes proporções.”
Teoricamente podemos classificar os movimentos sociais em três categorias:
1) movimentos reivindicatórios; são movimentos presos a reivindicações imediatas, esforçam-se em pressionar instituições para alterar dispositivos que teoricamente lhes favoreciam. Têm um horizonte sem dúvida limitado, considerando que seus fins são relativamente simples e não vão além de demandas pontuais especificas. Ex. “Estou no vermelho” movimento de greve dos professores da Uel por melhorias salariais.
2) Movimentos políticos; tenta influenciar nos meio utilizados para se atingir os caminhos condutores a participação política direta. Também se esforçam, no decorrer do processo para mudar a correlação de forças, influindo nos grandes debates travados com outros grupos adversários. Ex. Movimento das Diretas Já! 1984.
3) Movimentos de classe; seu intuito seria o de subverter a ordem social de um período determinado e, conseqüentemente, transformar as relações entre os diferentes atores do contexto nacional, assim como os meios de produção, fazendo avançar as exigências da classe em ascensão, em superação histórica e na sua pressão para se posicionar como elemento hegemônico no processo econômico e político do país. Ex. MST (movimento dos trabalhadores rurais sem-terra)

(Fonte: MAURO, Gilmar e PERICÁS, Luiz B. Capitalismo e Luta Política no Brasil na virada do milênio, ed. Xamã, SP:2001.)

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS
Para conhecermos como é um movimento social, vamos nos apoiar no livro de Ilse Scherer-Warren, Movimentos sociais, uma interpretação sociológica, destacando os elementos que compõem o campo de analise: o projeto, a ideologia e a organização.

O projetoO projeto significa a proposta de um movimento, que pode ser, como vimos, de mudança ou de conservação das relações sociais, assim, todo movimento social contém um projeto, e quando nos perguntamos qual o projeto de um movimento, estamos pensando em seus objetivos, em suas metas, enfim, no que o movimento pretende.
Para um movimento social atingir os objetivos a que se propõe, é necessária uma certa estratégia, procedimentos adequados que possibilitem o sucesso da ação coletiva. Ao mesmo tempo em que o projeto revela o desejo, a intenção de um movimento, ele nos mostra como os seus participantes se vêem – o que demonstra a consciência de sua força, bem como a força de seu adversário, contra quem o movimento se dirige.
A complementação dessas idéias sobre o projeto, ou da apreensão de seu conteúdo, deve ser feita levando-se em consideração a analise dos outros elementos.

A ideologiaA ideologia corresponde às idéias que os homens fazem da sociedade em que vivem. Quando elas expressam “corretamente” as relações existentes, mostrando os interesses que animam as relações, podemos dizer que a ideologia se constitui num instrumento de luta dos grupos sociais. Se, ao contrario disso, as idéias não correspondem a realidade das relações de opressão existentes, poderemos dizer que se trata de um “falsa consciência”. Nesse sentido, a ideologia atuaria como uma forma de massacramento das reais condições de opressão, atendendo, por conseguinte, aos interesses dos grupos dominantes.
É a ideologia que fundamenta os projetos e as praticas dos movimentos e define o sentido de suas lutas. A própria forma de organização e direção de um movimento revela seu caráter ideológico.

A organização
Os movimentos sociais possuem uma organização hierárquica que pode ser descentralizada ou comum a estrutura definida com lideres e demais participantes do movimento.
A forma de organização de um movimento social tem conseqüências importantes com relação a sua dinâmica interna e externa. Internamente, observa-se que uma organização sem a devida hierarquia entre liderança e base pode favorecer um certo espontaneismo das ações, o que levaria a falta de controle do movimento, resultando em seu próprio prejuízo. Por outro lado, uma organização fundada num corpo de lideres afastados da base pode ser conduzida a praticas autoritárias e elitistas, com os demais participantes desempenhado o papel de “massa de manobra”.

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