sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Resenha do livro - Autoridade do professor: meta, mito ou nada disso?

RESENHA


FURLANI, Lúcia Maria Teixeira. Autoridade do professor: meta, mito ou nada disso? 8. ed. São Paulo: Cortez, 2004.


A desvalorização do papel do professor


A autora inicia seu trabalho com uma provocação já no título, ao se referir à desvalorização do papel do professor na universidade. Apresenta uma relação entre a crise política que acompanha o desenvolvimento do mundo moderno em um amplo processo denominado de "crise cultural". Essa crise Uma crise acontece numa redefinição idéias, valores, crenças estão sendo questionadas, pois o ideário que servia de referencial para a postura humana revela-se inconsistente frente aos problemas criados por uma nova realidade. Esse novo contexto econômico internacionalizado impõe novos paradigmas.


O livro foi construído com a pretensão de auxiliar a identificação de alguns dos valores que permeiam a relação professor-aluno, de forma a contribuir, em última análise, para a compreensão da prática docente, prática essa que está envolvida, de forma complexa, em múltiplas outras relações. As relações ocorrem entre pessoas, grupos e fenômenos dentro dos sistemas de ensino e entre estes sistemas e a sociedade (isto é, suas instâncias econômicas, culturais e políticas).


Os elementos teóricos apresentados pela autora pretendem introduzir em primeiro lugar, o inquietar, por em questão, provocar nos leitores a discussão sobre a formulação da questão relacionada ao poder do professor, perguntar pelo seu sentido. Como base usa a citação de Deleule (1975, p. 19) para tomar o caminho da indagação e da comunicação, colocando em primeiro lugar a necessidade da própria indagação.


Nada disso – Abandonar as evidências sobre autoridade


Nesse momento a autora convida novamente o leitor a abandonar algumas das evidências que cercam as relações de autoridade, fazendo referência à necessidade de entendermos as relações de poder. Para tanto, assinala seis pontos essenciais à discussão.


1. Relações de poder


Nesse primeiro ponto observa que grande parte dos cientistas sociais refere-se ao poder como a capacidade de um agente para produzir determinados efeitos, sendo decorrente de uma relação social entre indivíduos, grupos ou organizações, em que uma das partes exerce controle sobre a outra, de forma autoritária, democrática ou permissiva.


Observa que a relação de influência entre pessoas, grupos, organizações se verifica quando alguém adere a interesses, valores, crenças ou modos de comportamento de outrem. Essa relação de poder e a adesão podem se dar com o consentimento ou não de quem adere.


De acordo com Lebrun (1948:13), citado pela autora, o sistema de comportamento socialmente imposto abrange também "os costumes, leis, preconceitos, crenças, paixões coletivas e tudo o mais que contribui para determinar a ordem social".


O poder não é, portanto, algo estranho ao corpo social, nem algo que se opõe sempre ao indivíduo. Este é o nome atribuído ao conjunto de relações que funcionam na espessura do corpo social. Por isso, o poder não é uma função qualquer na sociedade.


2. Relações de Autoridade


Nesse item a autora retoma a análise da relação professor-aluno que é pautada por alguns aspectos como a concretização de poder institucionalizada em nossa cultura da autoridade que tem o professor, como agente responsável, diante do sistema social mais amplo, pelo desempenho do grupo-classe.


Observa-se que as relações de autoridade não são somente baseadas no aspecto institucional; ela considera também, como exercícios diferenciais de poder, as relações que se estabelecem como autoridade em decorrência da competência do professor, competências essas que compreende o domínio teórico e prático dos princípios e conhecimentos que regem a instituição escolar.


3. Sociologia e Pedagogia do Consenso


Nesse momento a autora expõe a relação entre a Pedagogia do Consenso fundamentada nos conceitos liberais da Sociologia do Consenso. Esta pedagogia torna-se incapaz de equacionar devidamente os temas relacionados ao conflito, as mudanças e a inovação educacional. O funcionalismo preocupa-se apenas com as conseqüências da ação social, esquecendo-se de suas causas. Dentro da perspectiva da Sociologia do Consenso e da Pedagogia resultante dela, a autoridade se estabelece para atingir os objetivos ligados à eficiência e à racionalidade instrumental, descuidando dos aspectos éticos relacionados com os participantes do sistema educacional.


4. Sociologia e Pedagogia do Conflito


Esse item estende a abordagem iniciada no discurso anterior, associando a Pedagogia do Conflito com em a Sociologia do Conflito, fundamentada nos conceitos filosóficos e políticos de Marx e Engels e, para a autora ainda se estende também no século XIX, explora as potencialidades da dialética, com conceitos como poder, contradição, totalidade, mudança e emancipação.


5. Qualidade de vida humana coletiva


A autora fundamenta a idéia de qualidade de vida humana em dois valores éticos: liberdade e eqüidade, ambos devem atuar de forma conjugada, devendo refletir, em um contexto cultural específico, uma experiência cujo critério-chave será o desenvolvimento da qualidade da vida humana, respeitando os espaços de opção individual e promoção coletiva.


6. A autoridade dentro da Psicologia da Educação


A autora relaciona a autoridade com a Psicologia da Educação, enfatizando que os professores, os alunos e demais membros da comunidade universitária não podem anular, o que ela chama de um sistema de normas, que é exógeno ao sistema, e que, portanto não criariam, mas, por outro lado, refugiar-se atrás disso para recusar qualquer tipo de transformação representa uma atitude conformista e de autoritarismo.


Por que privilegiar a autoridade baseada na competência?


A tônica desse item é a autoridade do professor baseada na sua capacidade e sua autoridade surge através da competência e do empenho profissional dele, podendo estabelecer uma mediação democrática, através da ênfase predominante pontuada pela convergência entre liberdade e igualdade, tendo como critério norteador a qualidade de vida humana coletiva.


A autora defende que a autoridade exercida pelo professor, ao invés de ser baseada na legalidade da posição do professor, decorre da sua legitimidade. A autoridade está ligada aos papéis inerentes ao exercício da docência e se expressa em situações na qual a competência do professor o credencia como aquele que melhor poderá executar determinadas funções.


Para ela a autoridade é delegada pelos alunos ao professor que conseguem demonstrar competência e venha a atender as necessidades mútuas do professor e dos alunos.


O pressuposto dessa autoridade é a participação responsável, pois esta tende a afastar o perigo das soluções dogmáticas e fechadas. Por isto, denominamos a autoridade que assim é estabelecida como exercício conjunto do poder.


1. Autoridade baseada na posição hierárquica


Ao analisar-se a autoridade fundamentada na posição hierárquica, poderemos compreender uma relação intersubjetiva através da resposta que se dá a essa questão. E a partir daí questionar quem está em posição superior e quem esta em posição inferior? A autora destaca que entre professor e alunos, há uma relação de poder institucionalizado que se efetiva através da organização escolar.


2. A desigualdade no exercício do poder


A desigualdade no exercício do poder pode ser observada pelas concepções que colocam o professor como agente informador (na transmissão do conhecimento), como agente controlador (no disciplinamento da situação pedagógica), como agente classificador (na avaliação da mesma) e com uma vivência de modelos autoritários.


3. A ocultação do exercício do poder


Para a autora a ocultação do exercício do poder do professor é a concepção que abrange a descrição do papel do professor através das categorias já incluídas na desigualdade de poder, isto é, as funções priorizadas são as de informador, controlador, classificador e vivência de modelos autoritários. Ela sustenta que a ocultação do exercício do poder advém da desigualdade que é patente, através dos papéis exercidos pelos professores e alunos, porém a força que está sendo empregada é mantida oculta.


Para ela os sentimentos de culpa, de insatisfação, que atingem alguns professores que adotam a concepção e a postura de ocultação do exercício do poder parecem ser decorrentes dos sérios equívocos que "versões críticas parcializantes" têm trazido à concepção da prática escolar.


4. Autoridade baseada na competência e empenho do professor


A autoridade e empenho baseada na competência permite ao professor exercer a autoridade que lhe é atribuída para o desempenho dos papéis que facilitam um clima de negociação normal – isto é, com conflitos – dentro do qual o poder do aluno pode ser exercido de forma que haja influências mútuas.


5. Recusa de modelos (negação da autoridade)


A autora destaca a recusa de modelos quando o professor nega a autoridade, ele abandona o exercício do poder de transmitir conhecimento, disciplinar e avaliar a situação pedagógica e vivenciar modelos em seu relacionamento com os alunos que respeitem a singularidade de cada um e que sejam frutos de uma reflexão.


Papéis que integram a competência do professor


A autora enumera os comportamentos, isto é, as ações consideradas necessárias para o bom desempenho docente, de acordo com a análise de documentos oficiais que normalizam o papel do professor de ensino superior.


1. Transmissão do conhecimento


Há na transmissão de conhecimentos, uma natureza subjetiva que tem a ver com o contexto da situação, isto é, com o professor que transmite, com os alunos para quem o professor se dirige e com os fatos que o cercam numa sociedade historicamente determinada.


1.1 O professor como informador


A autora deixa bem claro ao tratar o papel do professor como informador, nessa condição ele privilegia a objetividade do conhecimento e sua reprodução idêntica em todas as classes, em detrimento do contexto em que ele é transmitido, o professor assume a concepção de mero informador.


1.2 O professor como didata


Já no papel de professor didata, mesmo considerando que o conhecimento está "acabado", sua transmissão pode permitir que o aluno refaça com o professor as etapas da experimentação científica, discuta os pressupostos teóricos e suas limitações, possibilitando que o mestre e seus alunos avancem em várias perspectivas, estamos nos deparando com a concepção de didata.


2. Disciplinamento da situação pedagógica


A autora destaca o disciplinamento pedagógico baseado na ação do professor que ensina e facilita a ocorrência de desempenhos adequados dos alunos, mas admitindo que exista, no trabalho escolar, um grau de restrição a comportamentos julgados indesejáveis. Ela avalia que o trabalho escolar não pode se desenvolver a revelia da observância de normas de conduta, de certas ordens, pois objetiva a aprendizagem, não sendo, portanto, um processo espontâneo ou apenas lúdico.


2.1 O professor como controlador


Não a dúvidas, a autora deixa bem claro que, na condição de professor controlador ele espera um aluno submisso, que respeite a 'autoridade', privilegiando valores do disciplinamento: a aceitação, a obediência, o respeito e a dependência do aluno, assumindo a concepção de controlador da expressão dos alunos.


2.2 Estratégias do professor controlador


Outro ponto enfatizado pela autora são as estratégias utilizadas pelo professor controlador e são amplamente conhecidas: o manejo da nota, o controle da presença do aluno pelo professor aparece como meio eficaz para conseguir sanar conflitos: dar um ponto na nota, retirá-lo ou aplicar uma prova difícil, anular uma prova, abonar faltas.


2.3 O professor facilitador


A autora destaca o papel do professor facilitador e que busca desempenhos adequados dos alunos e lembra que a disciplina não diz respeito apenas ao aluno, que é ou não indisciplinado, mas está associada com o autodomínio de professores e alunos em sala de aula.


2.4 Estratégias do professor facilitador


As estratégias do professor facilitador segundo a autora destacam-se pelo autodomínio de professores e alunos, baseado na co-responsabilidade por um trabalho coletivo, faz com que a cobrança possa ser efetuada por qualquer uma das partes, dentro de um contrato de trabalho no qual o professor tem obrigações delimitadas para atingir objetivos já aceitos. Isto faz com que esses contratos possam ser mais eficientemente cumpridos.


2.5 Ausência de disciplinamento


A autora destaca a ausência de disciplinamento e a idéia de que a estratégia de passar a responsabilidade ao grupo de alunos, a seu ver, surge quando o professor não sabe que comportamentos deve estimular. Assim, o grupo fica com responsabilidade, por exemplo, pela inclusão ou não do nome do aluno no trabalho a ser apresentado pelo grupo. A ausência de participação discente não é alvo de discussão: se o grupo resolver incluir ou excluí-lo, o professor atribuirá nota, sem discutir ou questionar a participação do aluno. Ela cita este caso como um é um exemplo da ocorrência de ausência de disciplinamento por parte do professor, já que esta função é passada para o grupo.


2.6 Indisciplina de quem: do aluno, do professor, da escola?


Ela acredita que a utilização, no disciplinamento, de estratégias visando o controle, seja motivo de insatisfação, tanto para professores, como para o aluno, na grande maioria dos casos. Quando há o controle ou a ausência de disciplinamento, podemos estar nos deparando com a existência de falhas na competência do professor e do aluno para exercer o poder conjuntamente.


3. Avaliação da situação pedagógica


Para a autora a escola ou, no caso, a universidade, toda ela está montada tendo em vista um sistema de avaliação de "quem entra" e "quem sai": o vestibular os exames, as teses, são múltiplos os processos de avaliação individual.


Ela cita Luckesi (1986), para evidenciar a avaliação da situação pedagógica. Apontando que a avaliação é um julgamento de valor sobre manifestações relevantes da realidade, tendo em vista uma tomada de decisão. Se é um juízo de valor, significa uma afirmação qualitativa sobre dado objeto, a partir de critérios preestabelecidos.


3.1 O professor como classificador


A autora também destaca o papel do professor como classificador que é norteado pelo comportamento do professor referente à classificação do produto que o aluno apresenta situa-se em: julgar o produto que o aluno apresenta nas provas e trabalhos e detectar as suas dificuldades, sendo a avaliação apenas uma forma de o aluno mostrar o que aprendeu ou não.


3.2 O professor como diagnosticador


Para o professor diagnosticador, conforme destaca a autora, a utilização da avaliação como diagnóstico efetuado pelo professor implica o julgamento do produto apresentado pelo aluno, combinado com a observação deste aluno, o que encaminha o mestre para uma reavaliação do planejamento, dos recursos utilizados e para uma auto-avaliação. É uma reorientação de seu trabalho e dos alunos, permitindo que o rigor técnico e científico os auxilie na tomada de decisão necessária para superar as dificuldades apresentadas na aprendizagem.


3.3 Avaliar o quê e para quê?


A autora enfatiza que sendo a avaliação um julgamento de valor, dentro de critérios preestabelecidos, estabelecendo determinados objetivos de cada matéria e da escola, mas destaca que nem todo desvio à norma padrão estabelecida tem a mesma importância para ao que está sendo julgado.


A avaliação deve privilegiar aspectos mais relevantes das condutas, como aquisições e habilidades priorizadas devem ser ratificadas, permitido aos alunos praticar, revisar e avaliar esses aspectos.


Há um aspecto da classificação do produto que o aluno apresenta que é necessário lembrar. Ao enfatizar a classificação, o professor e a escola não refletem a respeito da inadequação entre conteúdos tradicionalmente incorporados ao currículo escolar e as necessidades ou características da 'clientela'.


4. Vivência de modelos no relacionamento com os alunos


A autora destaca a importância de modelos no relacionamento com os alunos e destaca que não se deve considerar apenas e somente a capacitação técnica do professor (escolaridade, domínio de um ramo do conhecimento, experiência) que se exercita nos papéis que ele desempenha; também suas características afetivas, culturais e de personalidade se problematizam como parte dos papéis que são desempenhados, possibilitando que modelos sejam vivenciados quando o professor transmite o conteúdo, disciplina e avalia a situação pedagógica.


4.1 Modelos autoritários


Nos modelos autoritários, segundo a autora, ao transmitir-se o conhecimento, ao disciplinar e ao avaliar a situação pedagógica, o professor detém todo o conhecimento necessário, por isso não é dada a palavra ao aluno, que é avaliado positivamente se concordar ou referendar o sentido único que é atribuído ao conhecimento e apresentar comportamentos que não contestem esse sentido.


4.1.1 Autoritário explícito


Nesse exercício explícito de autoritarismo, fica evidente, a desigualdade do exercício do poder, fica claro no relacionamento quem dá a ordens e quem as obedece. Os professores detêm o centro da decisão, independentemente do grau de maturidade do aluno e valorizam a posição hierárquica porque temem o questionamento da ordem institucional, a ausência de lugar para quem exerce uma autoridade distante de críticas, de revisão e de avaliação.


4.1.2 Autoritário oculto


A ocultação do exercício do poder supõe a impessoalidade, porque a hierarquia não é voltada para os princípios de um bom ensino e para a responsabilidade do professor pela aprendizagem, mas o é para um sistema de normas externas impessoais ou ocultas ("não é o que eu queria..."). As atitudes do professor baseiam-se no que 'deve ser'.


4.1.3 E o que é conflito?


Para tratar a questão do conflito, a autora utiliza a citação do modelo de relacionamento humano de Gordon, destacando que conflito significa batalhas ou colisões que ocorrem entre duas ou mais pessoas, quando seus comportamentos interferem com o do outro no encontro de suas necessidades e quando seus valores não se combinam.


4.2 Modelos permissivos


Os modelos permissivos caracterizam-se pela total liberdade de expressão, na qual tudo é deixado acontecer em uma forma espontânea, sem limites. A autora também destaca a aceitação dos múltiplos sentidos dados pelos alunos, sem serem estes disciplinados, possibilitando uma luta pelo poder, que será ganha pelo aluno que dispuser de habilidades aceitas e legitimadas pela sociedade.

A permissividade não tem compromisso com a aprendizagem nem com instituições, enfatiza a autora, porque o professor não assume os papéis e as atitudes decorrentes deles, ocasionando assim ausência de orientação e direção da aprendizagem do aluno em aspectos unicamente dependentes do docente.


4.3 Modelos democráticos


A autora ressalta que a vivência democrática é o meio-termo entre o modelo autoritário e o modelo permissivo, caracterizando-se pela existência de diálogo; o conhecimento é desenvolvido, elaborado e reelaborado através de uma interação na qual o aluno tem também o direito de falar (sua experiência, nível de preparo para a matéria e suas características socioculturais são o ponto de partida para a orientação da aprendizagem).


4.4 Modelos democráticos: ainda uma utopia?


Para a autora pode parecer utópico falar-se em vivenciar modelos democráticos na relação professor-aluno, pois a quando sociedade brasileira ainda discute o que é democracia, ocorrendo muitas indefinições, neste aspecto, considerando-se a atual fase política denominada Nova República.


4.4.1 Idealismo ingênuo


O idealismo ingênuo, de acordo com a autora, acontece quando a aprovação, o afeto, a confiança, o respeito, a liberdade para expressão de idéias e sentimentos, a empatia aparecem ao lado da punição, da sugestão, da diplomacia, do 'saber jogar' e da ameaça; essa alternância, essa inconsistência, mostra-se confusa para os professores e deve refletir-se nos testes constantes que os alunos podem efetuar, a fim de conhecer os limites a serem respeitados na relação.


4.4.2 Desenvolvimento do ensino superior brasileiro


A autora destaca o dilema enfrentado por muitos docentes, que apesar de desejarem desenvolver em seus alunos autonomia, a autodisciplina e a autoconfiança, compreendendo-os e confiando em suas capacidades, nem sempre se consideram seguros para trabalhar com os alunos dotados destes quesitos. Ainda de acordo com autora os professores relatam que esses estudantes reagem tanto à recompensa quanto à punição apresentadas no disciplinamento da situação pedagógica, aumentando a impotência que sentem e levando-os a vivenciar modelos autoritários tradicionais.


4.4.3 Potencializar para os novos papéis...


Ao citar Skinner (1972), a autora concorda quando ele afirma que a maioria dos professores não deseja usar controles aversivos e se sentem infelizes com a sua utilização. Tais práticas continuam sendo usadas possivelmente porque os educadores não aprenderam a desenvolver outras alternativas mais eficazes e enriquecedoras.


4.4.3 fazendo a teoria virar prática


Para a autora os modelos teóricos apresentados, tanto na vivência autoritária quanto na democrática e na permissiva, devem ser entendidas dentro de sua natureza – a tória – e da subjetividade que propiciou sua elaboração.


O sonho não acabou?


O momento atual de interpretação das relações entre a educação universitária e a sociedade aponta para alguns caminhos que visam o resgate da função específica da escola. Para a autora, no entanto, uma análise crítica e realista sobre a universidade e o desempenho do papel do professor e do aluno já se apresenta de forma mais viva, apontando algumas explicações e sugestões.


Questões para debate


A autora destaca o momento atual de interpretação das relações entre a educação universitária e a sociedade, apresentando caminhos para uma nova realidade na escola:


1. A necessidade de serem discutidos integradamente os objetivos da escola, de forma a ser suprida a ausência de políticas claras para o setor educacional, direcionando-o e compatibilizando-o com os ideais democráticos defendidos pela sociedade.


2. A necessidade de que professores e educadores conheçam o perfil de seus alunos: suas experiências, suas necessidades, suas condições de vida.


3. Dotar o professor universitário de uma estrutura pedagógica que facilite o desempenho de seus papéis e a mudança de habilidades e atitudes.


Nas suas considerações finais a autora coloca que a escola e o professor competentes serão aqueles que conseguirem garantir aos alunos o domínio das habilidades relevantes para sua qualificação, habilidades que deverão ser corretamente avaliadas. Essa escola é aquela que irá conseguir formar bons alunos, bons professores, uma elite, independentemente do nível sócio-econômico destes alunos.


CRÍTICAS


O livro procura recuperar o discurso sobre autoridade, para tanto a autora relaciona este conceito com os diversos papéis que compõem a competência profissional do professor universitário. Nesse momento faço a primeira crítica em relação à competência do professor, pois a autora não deixa claro qual é essa competência ou quais as competências é ou são necessárias para o exercício da docência e a autoridade do professor e seu poder em relação aos alunos.


Apresenta suas argumentações como "uma abordagem inédita, contribuindo para a compreensão da autoridade, através de uma fecundação recíproca da Psicologia da Educação e da sociologia". Apresenta alguns aspectos sobre autoridade e poder interessantes, abre a discussão a respeito da relação entre professor e alunos, mas não poderíamos afirmar que se trata de algo inédito.


Concordo com a autora quando se refere a rapidez das mudanças no plano do conhecimento e as modificações dos processos históricos de transformação da sociedade, mas faço ressalvas se estão retirando ou não muito dos parâmetros que as pessoas possuíam para pensar a educação, a história e a si mesmas.


Onde está o delicado limite entre o autoritarismo, a autoridade e o niilismo ou nada? Um belo questionamento proposto pela autora, mas não li de forma cabal a resposta a esse questionamento. A autora faz alguns ensaios sobre o autoritarismo, a autoridade, quando ao niilismo - entendendo como a descrença absoluta na escola e no professor – não vejo uma proposta bem fundamentada.


Deve-se observar que o livro apresenta uma discussão não tão aprofundada em função da proposta editorial que é a apresentação de várias questões da nossa época num conjunto de vários livros abordando a educação.


A autora discorre sobre diferentes formas de exercício da autoridade docente, mas a meu ver não responde a indagação proposta no título à autoridade do professor e a relação com meta, mito ou nada disso? Não li nenhum ensaio tratando sobre mito ou mesmo meta. Trabalhou essencialmente com a autoridade do professor.


A autora cai na simples denúncia do autoritarismo, busca apresentar propostas que o ultrapassem, mas lembra que não se trata de "uma solução ou de um modelo, mas uma aproximação provisória do real, repleta de valores e temporalidade; portanto, sujeita à superação pela experiência única de outros educadores e sua capacidade de reinventar novos trajetos e horizontes". Porém, não apresenta efetivamente componentes práticos a que se propõe, sua argumentação fica no campo dos sonhos.

4 comentários:

Otávio Gurgel disse...

Resenha do livro - Autoridade do professor: meta, mito ou nada disso?

O livro recupera o discurso psicológico sobre autoridade, relacionamento este conceito com os diversos papéis que compõem a competência profissional do professor universitário. Realiza uma abordagem inédita, contribuindo para a compreensão da autoridade, através de uma fecundação recíproca da psicologia da Educação e da Sociologia.
A rapidez das mudanças no plano do conhecimento e as modificações dos processos históricos de transformação da sociedade estão retirando muito dos parâmetros que as pessoas possuíam para pensar a educação, a história e a si mesmas.
Onde está o delicado limite entre o autoritarismo, a autoridade e o nada?
A autora discorre sobre diferentes formas de exercício da autoridade docente, e, sem criar na simples denúncia do autoritarismo, busca apresentar propostas que o ultrapassem. Lembra que não se trada de "uma solução ou um modelo, mas uma aproximação provisória do real, repleta de valores e temporalidades; portanto, sujeita à superação pela experiência única de outros educadores e sua capacidade de reinventar novos trajetos e horizontes".

Anônimo disse...

Victor Vieira nº 42 – 3º F
A autoridade do professor é questionada. Será mesmo que ela existe? Essa é a indagação feita por Lúcia Maria Teixeira Furlani, autora do livro “Autoridade do professor: meta, mito ou nada disso?”, publicado em 2004 pela Editora Cortez.
A obra inicia-se abordando a desvalorização dos professores nas instituições educacionais. Segue explicando sobre as relações de poder, em geral, na sociedade. Relações estas que são consentidas ou não por quem as aderem.
A autoridade do professor, segundo a autora, decorre da competência do professor. Isto é, a autoridade, entendida com um conjunto de poder, só é composta por professores competentes. E este, por sua vez, tem mais facilidade de resolver os conflitos que aparecem.
Já aqueles que negam a sua autoridade estão, na verdade, abandonando seu exercício do poder de transmitir conhecimento.
A sua obra também enumera comportamentos, segundo ela, necessários para um bom desempenho do docente e outros que podem atrapalhar esse desempenho.
Nesta parte, deixa evidente que há professores que esperam alunos submissos, que os aceitam, os obedecem e que sejam dependentes. Este utiliza de alguns instrumentos para impor o temor nos alunos.
Mas há também aqueles professores não questionadores, que transferem sua responsabilidade ao grupo estudantil.
Estes dois “tipos” de professores nos mostram a existência de falhas na competência do professor e do aluno também. Para a autora, isso atrapalha o poder em conjunto.
Lúcia Maria também questiona o ato de avaliar e julgar os alunos. Para ela, a avaliação deve privilegiar aspectos relevantes das condutas dos alunos (habilidades) e não se importar com normas consideradas padrão.
A autora apresenta no livro algumas propostas para reformular a realidade atual das escolas, enfatizando a necessidade de que o professor garanta o domínio das habilidades de cada aluno.
Mas a obra foi criticada. Para alguns, a obra não respondeu a questão da autoridade do professor, apresentada no título do livro, apenas mostrou formas diferentes de impor-se. Talvez porque a obra apresenta uma relação com a autoridade do professor: uma meta não alcançada.

FABRICIO LOURENÇO COTA LANZA 3ºG disse...

EU CONCORDO COM O LIVRO POIS PENSO QUE PROFESSORES SAO MESMO DESVALORIZADOS,NA MINHA OPNIAO DEVERIA SER A PROFISSAO MAIS BEM PAGA POIS OS PROFESSORES É QUE COMEÇA A CARREIRA DE TODO MUNDO,POIS TODO POLITICO,DONO DE EMPRESA,LIXEIRO,AGRICULTOR, ETC.. TODOS ELES PASSARAM POR UM PROFESSOR,POR ISTO ACHO QUE PROFESSOR É POUCO VALORIZADO.
EU TIVE A OPORTUNIDADE DE PASSAR POR ESCOLA PUBLICA E PRIVADA E SEI DA DIFERENÇA DE SALARIOS,POIS UM PROFESSOR DE ESCOLA PRIVADA,QUE FEZ O MESMO CURSO QUE UM DE ESCOLA PUBLICA GANHA ATÉ 7X MAIS (FONTE DATAFOLHA)A PARTIR DISTO TEMOS QUE REVER NOSSOS CONCEITOS E VOTAR EM POLITICOS QUE VÃO FAZER ALGO PARA OS PROFESSORES DE ESCOLA PUBLICA

Anônimo disse...

3ºC nº18
Gabriella Danubia de Paula Braga

A educação no Brasil tem cada vez mais um nivel muito baixo, pois professores são desvalorizados recebendo míseros salários, sem estimulo para serem melhores. Professores antes precisaram passar por outros professores e assim é para cada profissão. Para cada coisa que se aprende, quase sempre tem alguém que ensinou.
Quem hoje é medico, dentista, advogado, engenheiro ou até mesmo gari precisou estar em uma sala de aula com um professor e aprender. Deve se dar o valor necessário a esses especialistas em ensinar pois é graças a eles que cada individuo consegue sua profissão seu sustento.