CULTURA, UM CONCEITO
ANTROPOLÓGICO: DA NATUREZA DA CULTURA OU DA NATUREZA À CULTURA (1º CAPÍTULO)
A obra "Cultura: um conceito antropológico", originária do capítulo aqui resenhado, foi redigida por Roque de Barros Laraia, um estudioso sobre cultura diversas, inclusive as indígenas. O início de sua carreira deu-se no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sendo que em 1969 dirigiu o Instituto de Ciências Humanas da Universidade de Brasília. Doutor pela Universidade de são Paulo, realizou pesquisas de campo entre os índios Surui, Akuawa-Asurini, Kamayurá e Urubú-Kaapor, o que lhe deu suporte para escrever sobre o tema, tendo em vista sua familiaridade com diversas culturas, além da abordagem de variados temas antropológicos em sua atuação como docente da UnB.
No primeiro capítulo da obra já citada, denominado "Da natureza da cultura ou da natureza à cultura", o autor trata de questões relacionadas ao determinismo biológico, determinismo geográfico, antecedentes históricos do conceito de cultura, o desenvolvimento do conceito de cultura, ideia sobre a origem da cultura e teorias modernas sobre a cultura.
1 Determinismo biológico
Segundo o autor, por muito tempo tinha-se a ideia
que as capacidades humanas eram atribuídas por raças ou grupos humanos
definidas geneticamente. Porém, na atualidade os antropólogos estão totalmente
convencidos de que as diferenças genéticas não são determinantes das classes
culturais.
Em 1950, após o terror nazista, antropólogos, físicos, geneticistas, biólogos, entre outros especialistas junto com a UNESCO redigiram uma declaração sobre o assunto, destacando-se as seguintes afirmações: Os fatores que tiveram um papel preponderante na evolução do homem são sua capacidade de aprender e a sua plasticidade. Além disso, as pesquisas científicas revelam que o nível das aptidões mentais é quase o mesmo em todos os grupos étnicos. Para o autor, há dois fatores que diferenciam a espécie humana, sendo eles o Dimorfismo Sexual - no qual a única diferença que temos é uma diferença anatômica em contraposição à idéia de que essa diferença se dá pelo aparelho reprodutor - , bem como a Endoculturação, que consiste em uma cultura criada dentro da sociedade, onde a diferenciação entre menino e menina se dá não pelos hormônios, mas em decorrência de uma educação diferenciada.
2º Determinismo geográfico
Em 1950, após o terror nazista, antropólogos, físicos, geneticistas, biólogos, entre outros especialistas junto com a UNESCO redigiram uma declaração sobre o assunto, destacando-se as seguintes afirmações: Os fatores que tiveram um papel preponderante na evolução do homem são sua capacidade de aprender e a sua plasticidade. Além disso, as pesquisas científicas revelam que o nível das aptidões mentais é quase o mesmo em todos os grupos étnicos. Para o autor, há dois fatores que diferenciam a espécie humana, sendo eles o Dimorfismo Sexual - no qual a única diferença que temos é uma diferença anatômica em contraposição à idéia de que essa diferença se dá pelo aparelho reprodutor - , bem como a Endoculturação, que consiste em uma cultura criada dentro da sociedade, onde a diferenciação entre menino e menina se dá não pelos hormônios, mas em decorrência de uma educação diferenciada.
2º Determinismo geográfico
Neste tópico o autor discorre acerca do
determinismo geográfico, argumentando que este considera as diferenças no
ambiente físico como fatores condicionantes à diversidade cultural.
O autor recorre a alguns antropólogos da segunda década do século XX como Boas, Wissler e Kroeber, entre outros, os quais contestaram esse tipo de determinismo, revelando a existência de uma limitação na influência geográfica sobre os fatores culturais. Além disso, afirmam a possibilidade da existência de uma grande diversidade cultural localizada em um mesmo tipo de ambiente físico.
O autor recorre a alguns antropólogos da segunda década do século XX como Boas, Wissler e Kroeber, entre outros, os quais contestaram esse tipo de determinismo, revelando a existência de uma limitação na influência geográfica sobre os fatores culturais. Além disso, afirmam a possibilidade da existência de uma grande diversidade cultural localizada em um mesmo tipo de ambiente físico.
3º Antecedentes históricos do conceito de cultura
O termo
Kultur da Alemanha e a palavra francesa Civilization foram sintetizadas por
Edward Tylor (1832 ? 1917) no vocábulo inglês Culture em seu amplo sentido
etnográfico, compreendendo todas as possibilidades de criação humana, como
conhecimentos, crenças, artes, moral, leis, costumes ou qualquer capacidade ou
hábito adquirido pelo homem como membro de uma sociedade. Portanto, Tylor
definiu cultura como sendo todo o comportamento aprendido, independentemente de
transmissão genética.
Já em 1917 Kroeber acabou por romper todas os laços entre o cultural e o biológico, admitindo a supremacia do primeiro em detrimento ao segundo em seu artigo " O Superorgânico ".
Já em 1917 Kroeber acabou por romper todas os laços entre o cultural e o biológico, admitindo a supremacia do primeiro em detrimento ao segundo em seu artigo " O Superorgânico ".
4º O desenvolvimento do conceito de cultura
O autor recorre a vários autores para demonstrar o
desenvolvimento do conceito de cultura. Dentre outros, lança mão das idéias de
Tylor, que em seu livro Primitive Culture (1871), demonstra que a cultura pode
ser objeto de um estudo sistemático, pois se trata de um fenômeno natural que
possui causas e regularidades. Além do já citado autor, faz também menção de
Boas, o qual desenvolve o particularismo histórico, afirmando que as invenções
históricas são o instrumento necessário para descobrir a origem deste ou
daquele traço cultural e para interpretar a maneira pela qual toma lugar num
dado conjunto sociocultural.
O autor
aborda também as idéias de Kroeber, que em seu artigo "O
Superorgânico" mostrou como a cultura atua sobre o homem, graças à qual a
humanidade distanciou-se do mundo animal. Entre outras contribuições de Kroeber
para a ampliação do conceito de cultura, destacam-se as afirmações de que a
cultura, mas do que a herança genética, determina o comportamento do homem e
justifica as suas realizações. Além disso, considera que o homem age de acordo
com os seus padrões culturais, bem como ressalta que a cultura é o meio de
adaptação a diferentes ambientes ecológicos.
5ª Ideia sobre a origem da cultura
Segundo
Laraia, uma das primeiras preocupações dos estudiosos com relação à cultura refere-se
à sua origem. Segundo diversos autores, entre eles Richard Leackey e Roger
Lewin, o inicio do desenvolvimento do cérebro humano é uma conseqüência da vida
arborícula de seus remotos antepassados. O antropólogo David Pilbem refere-se
ao bipedismo como uma característica exclusiva dos primatas entre todos os
mamíferos, afirmando que praticamente todos os primatas vivos têm comportamento
característico dos bípedes de vez em quando.
Além dos estudiosos já citados, o autor ressalta as contribuições de Kenneth P. Oakley, o qual destaca a importância da habilidade manual, possibilitada pela posição erecta, ao proporcionar maiores estímulos ao cérebro, com conseqüente desenvolvimento da inteligência humana. Destaca ainda, Claude Lévi-Strauss, o mais destacado antropológico francês, o qual considera que a cultura surgiu no momento em que o homem convencionou a primeira regra, a primeira norma. Por sua vez, o escritor Leslie Whiter, antropólogo norte-americano contemporâneo, considera que a passagem do estado animal para o humano ocorreu quando o cérebro do homem foi capaz de gerar símbolos.
Além dos estudiosos já citados, o autor ressalta as contribuições de Kenneth P. Oakley, o qual destaca a importância da habilidade manual, possibilitada pela posição erecta, ao proporcionar maiores estímulos ao cérebro, com conseqüente desenvolvimento da inteligência humana. Destaca ainda, Claude Lévi-Strauss, o mais destacado antropológico francês, o qual considera que a cultura surgiu no momento em que o homem convencionou a primeira regra, a primeira norma. Por sua vez, o escritor Leslie Whiter, antropólogo norte-americano contemporâneo, considera que a passagem do estado animal para o humano ocorreu quando o cérebro do homem foi capaz de gerar símbolos.
6º Teorias modernas sobre a cultura
Em sua abordagem acerca das teorias modernas sobre
a cultura, Laraia refere-se a autores renomados como Keesing, o qual aborda
inicialmente as teorias que consideram a cultura como sistema adaptativo,
difundida por neo-evolucionistas como Leslie White. Contudo, esta posição foi
reformulada criativamente por Sahlins, Harris, Carneiro, Rapaport, Vayda entre
outros que apesar das divergências concordam em muitos aspectos relacionados à
cultura. Para eles, culturas são padrões de comportamentos socialmente
transmitidos; a mudança cultural consiste primeiramente um processo de
adaptação equivalente a seleção natural; a tecnologia, a economia de subsistência
e os elementos da organização social diretamente ligada à produção constituem o
domínio mais adaptativo da cultura; os componentes ideológicos dos sistemas
culturais podem ter consequências adaptativas no controle da população da
subsistência, da manutenção do ecossistema etc.
Além
dessas reflexões, Keesing refere-se à teorias idealistas de cultura,
subdividindo-as em três diferentes abordagens: cultura como sistemas
cognitivos, estruturais e simbólicos, todas buscando explicações para a definição
de cultura.
Segundo Laraia, outras discussões acerca da cultura
foram e ainda são travadas nesse campo de conhecimento, pois a compreensão da
mesma envolve a compreensão da própria natureza humana, o que torna a discussão
inesgotável.
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